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Teatro e a arte como forma de combate ao racismo

O palco se tornou símbolo de resistência e luta

Por Hebert Dabanovich

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Reprodução: Pedro Marques

Desde os primórdios, o teatro e o racismo se cruzam em uma relação de exclusão e resistência. No século XIX, surgiram as “blackfaces”, caricaturas racistas nos Estados Unidos.No Brasil, artistas negros foram relegados a papéis estereotipados por décadas.

 

Em entrevista ao Portal Ubuntu, o professor doutor em artes cênicas, ator e diretor teatral Ipojucan Pereira afirmou que o apagamento histórico do negro no teatro é real.


“No nosso caso, uma sociedade que tem um passado escravagista, colonialista, que estava querendo acabar com a escravidão, mas como acabar? Haviam muitos projetos eugenistas, o extermínio de uma população negra como forma de embranquecimento. Então, assim, sempre houve um olhar para essa população como um objeto, como uma coisa que está sendo usada, não como seres humanos com os mesmos direitos.”


O Teatro Experimental do Negro (TEN), fundado em 1944 por Abdias Nascimento, foi um divisor de águas ao promover artistas negros e discutir o racismo estrutural.


A representatividade negra cresceu no palco e também na educação antirracista, com projetos em escolas e a implementação da Lei 10.639/03, que estabelece o ensino obrigatório da história e cultura afro-brasileira nas escolas de educação básica do Brasil.


Segundo Ipojucan, a cultura “woke” fortaleceu o protagonismo negro nas artes.


“Acho que tem muito a ver com as novas gerações, porque, como eu disse, esse tipo de discussão já existia. Se pegar historicamente, você vai ver que nos anos 70 já existiam muitos movimentos acontecendo, mas, eu acho que tem a ver com uma nova geração, e isso eu acho muito importante. É uma coisa que chega aqui vinda de fora, porque isso começa nos Estados Unidos.”


O professor destaca a importância da representatividade também em cargos de direção e ensino.


“Se há um problema de protagonismo na cena, ele também existe fora dela. Isso afasta pessoas negras do teatro, porque a configuração dos espaços ainda é predominantemente branca. Como o teatro pode acolher essa mudança? Primeiro, é preciso que essas pessoas estejam presente”, afirmou o educador. 


“A falta de diretores negros evidencia uma disparidade. Se pensarmos em quantos diretores negros existem, eu conheço um ou outro apenas. Podemos ter uma quantidade maior de atores pretos no palco, mas nos cargos de poder ainda predominam pessoas brancas. Isso precisa mudar em todos os níveis”, continuou o diretor de artes cênicas.


Mais do que dar visibilidade a atores negros, é essencial garantir que a representatividade também se estenda às funções de direção, produção e ensino teatral.

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